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Música: mente e corpo em oposição?

A "Action, Criticism & Theory for Music Education" [link], é uma revista do Departamento de Música da Southern Illinois University Edwardsville. Inclui artigos sobre o ensino em geral e da música em particular, apelando frequentemente aos ensinamentos de outras áreas do conhecimento, tais como a filosofia, a sociologia ou mesmo a neurobiologia.

Não me tinha ocorrido, mas na aprendizagem da música expressa-se um dos (aparentes) paradoxos do ensino/aprendizagem: a beleza etérea da obra produzida, versus a "materialidade" do respectivo domínio. Ou seja: para se chegar a poder produzir uma obra estética de grande qualidade, é necessário torturar a matéria carnal com repetições fastidiosas de gestos minimalistas. Como se a beleza espiritual da música tivesse de lutar para conseguir "passar" através da materialidade do corpo humano. Portanto, uma oposição cartesiana "mente versus corpo" - questão muito actual.

Esta "oposição" não será tão evidente noutras áreas do conhecimento, mas também ocorre. A teoria económica é certamente espiritual, e o seu estudo (leituras, memorização, aulas presenciais) bastante material. Tal como na música. Mas na música a espiritualidade exibe-se com mais fulgor, e a materialidade corporal (aquelas escalas repetidas sem cessar...) manifesta-se com maior evidência. Isto é assim talvez porque a repetição e mecanização dos movimentos dos dedos nas teclas do piano, por exemplo, nos parece bastante pouco "mental" e mais "muscular".

Seja como for, os artigos incluídos na revista, neste como em outros domínios - tais como a da criação da identidade dos músicos - pareceram-me muito interessantes e extensíveis a outras áreas do ensino. Eis alguns textos que me chamaram a atenção:

  • "A Positive Reply to Construtive Criticism"
  • "Classical Pragmatism on Mind and Rationality"
  • "Making Music, Making Selves: A call for reframing music teacher education"
  • "After the Silence of Aesthetic Enchantment: Race, Music, and Music Education"
  • "Post-Civil Rights Music; Or Why Hip Hop is Dominant"
  • "Why ‘Ideology’ is Still Relevant for Critical Thinking in Music Education"
    (todo o Volume 4, nº 1 inclui uma série de artigos sobre a questão dos hábitos e da racionalidade.)



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