Economia
Crescimento econômico - instituições ou cultura?
Gregory Clark argumenta, em artigo publicado na edição de hoje do Valor Econômico, que a "cultura", não as "instituições", explica a "riqueza das nações":
- "A idéia, atribuída a Adam Smith, de que incentivos adequados, independente da cultura, produzem bons resultados se tornou o grande mandamento da ciência econômica. Esta visão, porém, é uma interpretação equivocada da história (e, provavelmente, uma leitura equivocada de Smith)".
- "O crescimento moderno não se originou de incentivos melhores, e sim da criação de uma nova cultura econômica em sociedades como a Inglaterra e a Escócia. A Revolução Industrial ocorreu num cenário em que os incentivos institucionais básicos da economia se mantiveram inalterados (na verdade, foram piorando) por centenas de anos. Ela foi o produto de mudanças nas preferências econômicas das pessoas na Inglaterra, não de mudanças nas instituições".
- "Os determinantes cruciais da riqueza e pobreza não são as diferenças em incentivos, mas a forma como as pessoas reagem a eles. Em economias bem-sucedidas, as pessoas trabalham arduamente, acumulam e inovam, mesmo quando seus incentivos são insuficientes. Em economias deficientes, as pessoas trabalham pouco, poupam pouco e usam técnicas ultrapassadas, mesmo quando os incentivos são satisfatórios. Para fazer as sociedades pobres crescerem, precisamos mudar sua cultura, não só as instituições e incentivos".
- "Isso exige expor mais pessoas nas sociedades pobres à vida nas economias avançadas. Migrantes acostumados às condições das economias bem-sucedidas representam um núcleo potencial para a industrialização nas economias pobres. Esses trabalhadores, porém, geralmente escolhem permanecer nas economias ricas. Portanto, o problema está em planejar um fluxo suficiente de retorno de migrantes que experimentaram as condições de sociedades economicamente bem-sucedidas às sociedades pobres".
- "Um programa como esse será mais eficaz do que tentar tornar os governos e instituições das sociedades pobres mais parecidos com os governos e instituições das economias avançadas. As pessoas vêm em primeiro lugar".
Sobre as polêmicas idéias de Clark a respeito do crescimento econômico, ver artigo de Nicholas Wade e comentário de David Warsh, ambos objeto de postagens anteriores neste blog.
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