Composição etária e razão de dependência em Sergipe
Economia

Composição etária e razão de dependência em Sergipe




Ricardo Lacerda

Com a queda da taxa de fecundidade e o aumento da expectativa de vida tem havido importantes mudanças na composição da população brasileira, com a elevação da participação das faixas etárias mais elevadas e a redução nas faixas de menor idade. Muitos especialistas têm destacado o significado econômico do período de bônus demográfico que o país atravessa por conta da redução, em termos absolutos e relativos, da população de menos de 15 anos, enquanto engrossa a fatia da população que se encontra em idade ativa. O período de bônus se encerra quando o incremento no contingente de pessoas idosas superar a redução da população inativa mais jovem, como proporção da população total.

Demógrafos e economistas entendem que o bônus demográfico é uma força poderosa na elevação dos níveis médios de renda da população, na medida em que significa diminuição na faixa de população que depende de renda gerada por outros grupos etários. Convencionou-se chamar de razão de dependência o peso da população considerada inativa (0 a 14 anos e 65 anos e mais de idade) sobre a população potencialmente ativa (15 a 64 anos de idade).

Sergipe

A distribuição etária da população sergipana também tem passado por transformações estruturais, com importantes implicações econômicas. Em 2010, residiam em Sergipe 556.222 pessoas com menos de 15 anos de idade, representando 27% da população total de 2.068.017. No ano de 2000, o contingente de pessoas com menos de 15 anos era de 595.327 e representava 33% da população total (ver Gráfico). Ou seja, essa faixa etária encolheu, ao longo da década, o equivalente a 39.105 pessoas.

No outro extremo, a população com 65 anos ou mais aumentou em 35.404, passando de 91.579, ou 5% do total, para 129.983, ou 6%. Com isso, os grupos etários considerados inativos caíram de 686.906 para 683.205, menos 3.701 pessoas, enquanto os grupos de faixas etárias potencialmente ativas tiveram um incremento de contingente de 287.243 indivíduos.

O gráfico em formato de pirâmide resume a distribuição da população sergipana em faixas etárias nos anos censitários de 2000 e 2010. Observe-se que as faixas etárias de 0 a 14 anos e de 15 a 24 anos perderam participação, enquanto as faixas superiores ganharam participação. Nas próximas décadas, o número dos que ingressam na idade potencialmente produtiva vai continuar a crescer mais rapidamente do que o dos que vão fazer parte da população de idosos, configurando o bônus demográfico.

Entre 2000 e 2010, a razão de dependência da população sergipana, ou seja, a relação entre o número de pessoas em idade inativa e em idade ativa caiu de 62,6% para 49,3%, o que significa que, no último ano havia cerca de uma pessoa em idade inativa para duas em idade ativa, quando em 2000 eram quase duas pessoas inativas para cada três em idade ativa.


Fonte: IBGE: Censos demográficos de 2000 e 2010.



Municípios

Os municípios maiores ou com economias mais dinâmicas tendem a atrair pessoas em idade ativa, em busca de oportunidades profissionais ou de formação educacional e, por isso, em geral, registram razões de dependência mais baixas, enquanto as localidades menores e mais pobres contam com as piores relações entre população em idade ativa e população inativa.

Em 2010, Brejo Grande, Indiaroba, Ilha das Flores, Santa Luiza do Itanhy e Canindé do São Francisco apresentavam as razões de dependência mais elevadas entre os municípios sergipanos. De outra parte, Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Pedra Mole, São Cristovão, Barra dos Coqueiros e Itabaiana registravam as menores razões de dependência. No caso de Brejo Grande, a razão de dependência alcançava 88,7%, em 2000, quase uma pessoa em idade inativa para cada uma potencialmente ativa, tendo caído para 67,2%, em 2010, cerca de duas pessoas inativas para cada três pessoas em idade ativa (ver Quadro a seguir). A lista completa com todos os municípios está disponível no endereço eletrônico que consta no final do artigo.

Como o bônus demográfico se constitui uma janela temporal que se fecha quando o número de idosos passa a representar uma proporção grande da população, os especialistas destacam a importância dos investimentos em educação formal e em qualificação profissional para que os ganhos que hoje são assegurados pelo incremento da participação da população ativa possam ser sucedidos pelos ganhos de produtividade da força de trabalho quando a razão de dependência voltar a subir, dessa vez sem retorno.

Fonte: IBGE: Censos demográficos de 2000 e 2010.


Publicado no Jornal da Cidade em 15/01/2012



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