Economia
Ciência sem Fronteiras.
Editorial de hoje do ESTADÃO sobre o programa
“Ciência sem Fronteira”.
Para que o ensino superior dê um salto de
qualidade, o governo lançou em 2011 o programa Ciência sem Fronteira, que prevê
a concessão de bolsas a estudantes que queiram fazer mestrado, doutorado e
pós-doutorado no exterior. Pelas regras do programa, a definição dos critérios
de seleção dos candidatos, das áreas a serem financiadas e do valor das bolsas
é de responsabilidade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes).
Nos próximos quatro anos, o governo pretende
oferecer 101 mil bolsas, das quais 75 mil com recursos próprios e 26 mil
custeadas por empresas estatais, empresas privadas e bancos. As primeiras
bolsas se destinam a estudos nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França e
Itália e as áreas escolhidas são matemática, física, química e biologia.
As próximas chamadas públicas previstas para
2012 devem privilegiar as engenharias e as ciências aplicadas, como
nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia mineral, petróleo, gás e carvão
mineral - áreas que o governo considera estratégicas para a qualificação da mão
de obra e o desenvolvimento econômico.
O Ciência sem Fronteiras foi bem recebido
pela iniciativa privada, que reivindica mão de obra altamente qualificada. Já a
comunidade acadêmica, apesar de também ter recebido bem o programa, adverte que
o governo relegou para segundo plano o problema do excesso de burocratização no
processo de reconhecimento dos diplomas emitidos no exterior.
Essa tem sido uma das maiores reclamações de
quem concluiu uma graduação ou uma pós-graduação no exterior. A legislação que
trata da matéria foi editada em 1996, e as resoluções baixadas desde então
pelos órgãos educacionais tornaram o processo lento. A validação do título de
mestre ou doutor emitido no exterior é realizada por universidades brasileiras
credenciadas pela Capes. Muitas delas tendem a ver as universidades
estrangeiras como concorrentes - isso quando não há preconceito ideológico de
comissões de pós-graduação, congregações e comitês de área da própria Capes
contra determinadas instituições, especialmente as americanas.
Por isso, há exigências estapafúrdias - como
exigência da mesma carga horária, das mesmas disciplinas e currículos, do mesmo
esquema de avaliação de teses, de traduções juramentadas e de documentos
expedidos por consulados. "Do ponto de vista acadêmico, é uma
insensatez", disse a professora Maria Cecília Coutinho de Arruda, da
Fundação Getúlio Vargas, em entrevista ao jornal Valor. Além dessas exigências,
as universidades escolhidas pela Capes, alegando que não dispõem de funcionários
em número suficiente e que os docentes nada ganham para avaliar os pedidos,
limitam o número de processos de reconhecimento de diploma.
A Universidade de Brasília, por exemplo,
analisa apenas seis processos por área de conhecimento a cada semestre. Em
algumas universidades federais, o processo de revalidação de diplomas obtidos
no exterior chega a demorar um ano.
Para o governo, as universidades aptas a
revalidar diplomas emitidos por instituições estrangeiras de ensino superior
não estão preparadas para o aumento do número de pedidos. Só em 2011, a Capes
concedeu 8,7 mil bolsas de estudos no exterior - 26% a mais do que em 2010. A
comunidade acadêmica lembra que, além dos entraves burocráticos impostos aos
brasileiros formados no exterior, as exigências absurdas para revalidação de
diplomas dificultam o processo de internacionalização das universidades
brasileiras, por meio de parcerias, com parte do curso de pós-graduação feita
no Brasil e parte fora.
Ao lançar o Ciência sem Fronteiras, o governo
acertou no alvo, uma vez que esse programa reduz a distância entre as
universidades brasileiras e as universidades estrangeiras mais bem
classificadas nos rankings internacionais. Mas é preciso desburocratizar o
processo de revalidação dos diplomas, a fim de que o programa não seja
comprometido por exigências burocráticas absurdas.
loading...
-
Capes E Cnpq Decidem Autorizar Atividade Remunerada A Bolsistas
Os Presidentes da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) assinaram na quinta-feira (15) documento que autoriza bolsistas de pós-graduação das...
-
Doutor Lula.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou hoje (4), durante cerimônia em que recebeu o título de Doutor Honoris Causa das universidades públicas fluminenses, as políticas educacionais do governo, com destaque para o programa Ciência...
-
Ainda Há Muito O Que Melhorar Na Educação.
Educação no Valor Econômico de hoje, 03/05/2012.
Apesar de o governo se orgulhar do progresso
social dos últimos anos, o balanço da educação ainda é bastante insatisfatório.
Entre 2000 e 2010, o número de pessoas sem instrução...
-
A Universidade Latino-americana
“A universidade
latino-americana” é tema de editorial do ESTADÃO nesta data.
As universidades brasileiras -
principalmente as públicas e as confessionais - estão entre as melhores
instituições de ensino superior da América Latina. A...
-
Bolsas De Estudos No Exterior.
Para o mundo acadêmico, Programa de bolsas de estudos no exterior selecionará quem tem mérito, segundo Dilma. Hoje na FOLHA DE S. PAULO: Ao apresentar, hoje, as diretrizes do programa Ciência sem Fronteiras, que pretende conceder 100 mil bolsas...
Economia