BRASIL, UM PAÍS DE ADULTOS SEM RIQUEZA
Economia

BRASIL, UM PAÍS DE ADULTOS SEM RIQUEZA




A tecnologia avança, a medicina anuncia novas descobertas e a humanidade vive, em pleno século XXI, um crescente aumento da longevidade, uma vez que, nos dias atuais, a expectativa média de vida dos brasileiros passou de 50 para 73 anos, conforme estudo elaborado pelo Banco Mundial. A pesquisa também divulgou que o número de idosos passará de 20 milhões, em 2010, para 65 milhões em 2050.

O Brasil, hoje um pais de população jovem e predominantemente pobre, passará para uma fase adulta com expectativas de redução da fome.

Segundo o relatório, o aumento da população adulta se deve, em parte, pela queda das taxas de fecundidade. No começo da década de 60, a mulher brasileira tinha até seis filhos e, atualmente, a média é de, apenas, dois.

Outro fator que promove o aumento do número de idosos é a diminuição da taxa de mortalidade. O número de morte entre crianças caiu de 135 para 20, para cada mil, entre aqueles que nascem vivos, entre 1995 e 2010.

O relatório denominado “Envelhecendo em um Brasil mais velho”, afirma que “a população idosa aumentará de 11% da população em idade ativa em 2005 para 49% em 2050, enquanto que a população em idade escolar diminuirá de 50% para 29% no mesmo período. Essas variações na estrutura etária da população resultarão em maiores pressões fiscais sobre os sistemas públicos de saúde e previdência, enquanto as pressões fiscais sobre o sistema educacional financiado pelo governo diminuirão.”.

Segundo a análise do Banco Mundial ou Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD, em 2050, metade da população brasileira será de adultos ativos, enquanto apenas um terço frequentará as escolas.

A questão é bem preocupante, especialmente, no que tange a perda de capacidade funcional dos mais velhos, bem como o sacrifício á previdência. Doenças crônicas como hipertensão, dores de coluna e artrite são queixas frequentes entre aqueles na faixa etária de 75 anos, conforme revelam os números publicados pelo Programa Nacional por Amostragem de Domicílios – PNAD no ano de 2008, de acordo com a divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

Nesse contexto, o foco das políticas públicas passa a ser a saúde pública. Em outras palavras, o governo deve rever a destinação dos gastos com a previdência, visando á qualidade de vida daqueles que serão responsáveis pelo desenvolvimento econômico do Brasil.

Nos dias atuais, os brasileiros que contam com esse tipo de serviço, têm problemas sérios no atendimento de seus direitos.

A questão se agrava ainda mais no que tange a redução do número de brasileiros considerados idosos e o custo para manter o sistema que, em razão de mudanças lentas e pouco eficientes, induz á informalidade, principalmente, em relação á carga tributária elevada, destinados á seguridade social. Hoje o Brasil gasta 11% do Produto Interno Bruto com aposentadorias e pensões, sendo que, apenas 10% de brasileiros se encontram na terceira idade.

A previsão do estudo prevê que, em 2050, esse percentual passará a 22,4%, o que ainda não é considerado satisfatório, dada a projeção de aumento do número de idosos.

Outra consequência do envelhecimento da população se prende ao mercado de trabalho, uma vez que os salários mais altos e a queda da produtividade, provocada pelo surgimento de doenças em função da idade, promoverão reflexos na competitividade de mercado.


Consequentemente, os gastos com educação também precisarão ser revistos para que um número maior de jovens esteja estruturado para a entrada no mercado de trabalho, á longo prazo.

Também é fato que o Brasil precisa preparar, hoje, os jovens que estarão no mercado de trabalho do futuro. Por outro lado, o crescimento do número de idosos trará impacto nas políticas públicas de educação dos próximos 30 anos, uma vez que haverá menos jovens nas escolas.

O resultado da pesquisa também alerta para um universo onde a pobreza poderá ser reduzida, levando-se em conta que a população dependente será consideravelmente menor que a de brasileiros ativos, conforme afirma um dos principais autores do estudo, Michele Gragnolati: Para ela, “Os ganhos poderão ser maiores do que eventuais perdas. Durante os próximos anos, até 2020, o Brasil passará pelo chamado bônus demográfico, quando a força de trabalho é muito maior do que a população dependente. O país poderia aumentar o seu PIB per capita em até 2,48 pontos percentuais por ano nesse período. Mas esse enorme dividendo não é automático, depende de instituições e políticas que transformem as mudanças demográficas em crescimento".

É necessário que o país comece as mudanças desde já. Afinal, o Brasil está caminhando para um cenário de nação rica com estrutura de país pobre. No universo empresarial e, em razão da preocupação com o emprego e a renda, o governo federal implantou, em agosto de 2011, o Plano Brasil Maior, que adotou medidas de proteção á indústria brasileira e entre outras iniciativas, desonerou a folha de pagamentos de alguns setores.

O empresariado brasileiro sempre questionou os custos tributários elevados da formalização, principalmente, em relação á previdência oficial, em geral com gasto duplicado por conta da necessidade da contratação de planos de saúde particulares.

O grande problema das mudanças propostas é que elas não são profundas,
nem definitivas.

Com 190 milhões de habitantes e projeção de 259 milhões de pessoas em 2050, o governo brasileiro tem uma árdua missão para se adequar á realidade futura. Novas regras para aposentadoria precisam estudadas. Previdência social será, cada vez, mais ponto alto nas discussões do Congresso Nacional.

Artigo publicado no jornal da Federação dos Servidores Públicos Federais do RJ - http://www.fasprj.org.br/site/wp-content/uploads/correio_fasp_agosto_2012.pdf




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