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Economia

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Quem acompanha o blog há algum tempo já deve ter visto versões anteriores do gráfico abaixo, cuja formulação, adianto, é cópia descarada de uma apresentação do Rogério Werneck. No eixo vertical está a carga tributária, divulgada hoje pela RFB (antiga SRF), que atingiu a bagatela de 35,8% do PIB no ano passado (sem CPMF, diga-se), pouco mais de um ponto percentual acima da registrada em 2007 (34,7% do PIB).

Deduzindo da carga tributária o superávit primário dos entes que coletam impostos (União, estados e municípios) temos uma estimativa do gasto primário consolidado da administração direta (as empresas estatais não entram nesta conta), medida no eixo horizontal. Assim, a estimativa de gasto público em 2008 subiu para 32,3% do PIB, contra 31,3% do PIB em 2007 (era em torno de 20% no começo dos anos 90, tendo alcançado algo como 28,5% do PIB no início da década atual).


Notem que tal estimativa ("abaixo da linha", por analogia à metodologia da NFSP), por omitir receitas não-tributárias dos governos federal, estadual e municipal, necessariamente subestima o real tamanho do gasto. É possível, porém, achar dados para a despesa consolidado "acima da linha", isto é, somando gasto a gasto de cada nível de governo. Tais dados, no entanto, só estão disponíveis para o período entre 1998 e 2007. Isto dito, no gráfico abaixo mostramos que guardam uma relação estreita com nossa estimativa "abaixo da linha".

Ou seja, quando os dados "acima da linha" para 2008 forem divulgados, os 35% do PIB registrados em 2007 parecerão modestos face a um valor na casa de 36% do PIB (e aguardem para ver o estrago de 2009!). Isto em dois anos nos quais o PIB cresceu às taxas mais elevadas dos últimos tempos, sem, portanto, a desculpa de se tratar de política anti-cíclica.
Isto dito, se vocês acham sinal de expansão desmedida de gastos e impostos, anotem o seguinte: em 2008 o PIB aumentou o equivalente a R$ 139,6 bilhões de reais (a preços de 2008). Neste mesmo período o governo (em suas três esferas) aumentou a tributação em valor equivalente a R$ 79,7 bilhões e seus gastos em R$ 72.5 bilhões. Vale dizer, de cada 100 novas unidades de PIB , o governo tributou 57, gastando 52 (em 2007 estes números foram 56 e 45), na prática se apropriando de mais da metade do PIB marginal.

E tem gente que fala em "estado nanico"...



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