Economia
As poupança em dívida portuguesa
Rui L. Castro no "The Portugueses Economy" desafia quem está a criticar o comportamento dos investidores em relação à dívida pública portuguesa a investirem as suas próprias economias nesses títulos, pressupondo assim que esses activos valem (pouco) aquilo a que estão a ser cotados.
Uma abordagem que, na minha modesta opinião, não leva em consideração o seguinte:
- O short-selling - Os mercados financeiros têm hoje instrumentos que permitem ao investidor fazer grandes fortunas em muito pouco tempo - embora correndo elevados riscos: as vendas a descoberto. Peço emprestado o título, vendo, espero que o título caia, compro e devolvo ao credor do título.
- A dimensão do mercado do activo versus do investidor - Quando o mercado de um activo é estreito/reduzido e o investidor, pelo contrário, pode investir valores elevados, a sua profecia de queda do título auto-confirma-se pela sua actuação - quando despeja no mercado o título que pediu emprestado provoca a queda da sua cotação. Não é por acaso que não se verificam estas operações em mercados de grande dimensão - dívida americana por exemplo ou até espanhola e italiana.
- Forte incentivo de venda para comprar a seguir - Mesmo quem não esteja a 'shortar' e preveja a alta para o título, por considerar que o valor de mercado naquele momento não corresponde ao que vale o título dados os fundamentos do activo, tem um forte incentivo para vender reforçando o movimento de queda. Comprará mais tarde, mais barato, e a prazo registará mais-valias na sua carteira.
A pergunta: como se instala o comportamento de rebanho de fuga do activo que alimenta depois todos estes movimentos? No caso português foi determinate o artigo de Simon Johnson no New York Times a que se seguiu uma análise do próprio jornal.
O desafio de Rui L. Castro:
Os gestores de activos venderam a partir de dia 16 de Abril, reforçaram as suas vendas a seguir à queda do 'rating' e desde sexta-feira estão a comprar. E ganhou-se muito dinheiro com isso - investidores e operadores - estes com comissões. A liquidez dos mercados disparou na segunda metade de Abril.
Quem comprou títulos de dívida quando todos andaram a vender - especialmente no pior dia desta turbulência que foi quarta-feira - já começou a ganhar dinheiro.
Só quem está convencido que o euro está seriamente ameaçado vendeu para não voltar a comprar.
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