Economia
A justiça, o jornalismo e as campanhas
A entrevista da Procuradora Cândida Almeida a Judite de Sousa foi extremamente importante - foram feitas as perguntas que queríamos ver respondidas e a Procuradora, que revela uma força e uma segurança que nos conforta, esclareceu o que podia que foi suficiente para percebermos que há nesta história uma elevada parcela de manipulação.
Revela ainda como é importante a Justiça dar a cara no palco mediático. Tem sido a sua recusa em comunicar - que como vimos é possível, respeitando o segredo de justiça - que viabiliza a manipulação.
Dito isto, é fundamental que não se responsabilize o mensageiro: os jornalistas que fizeram o seu trabalho respeitando as regras.
O que escrevi aqui mereceu várias criticas. De João Pinto e Castro e da Câmara Corporativa .
Um jornalista sabe que enfrenta sempre o risco de manipulação. Cabe-nos a nós jornalistas minimizar a manipulação tendo consciência que frequentemente não a conseguimos eliminar. Não tenho razões para considerar que as regras jornalísticas foram menos cumpridas neste caso que noutros.
Há em toda a história que veio a público partes que correspondem ao que está no processo e partes que não correspondem. Isso mesmo foi dito pela Procuradora na entrevista à RTP. Mas houve de facto um erro: o primeiro-ministro não é suspeito no único processo onde tudo tem origem - o que foi desencadeado pela carta anónima.
Quando se juntam todos os casos enfrentados pelo primeiro-ministro, parafraseando Cândida Almeida, qualquer pessoa que enfrentasse o que ele já enfrentou seria tentado, como ele, a concluir que "há campanhas negras" que o perseguem. Há racionalidade nessa conclusão pelas medidas que adoptou, duras para muita gente.
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