A importância da teoria da Preferência pela Liquidez para a manipulação da Política Monetária em situações de incerteza - Frederico Matias Bacic
Economia

A importância da teoria da Preferência pela Liquidez para a manipulação da Política Monetária em situações de incerteza - Frederico Matias Bacic




Na teoria monetária elaborada por Keynes, diferente do que era difundido pela Teoria Quantitativa da Moeda, não existe a possibilidade de prever posições de equilíbrio, tanto no curto, quanto no longo prazo, sem se considerar o papel da moeda e da política monetária. Para Keynes a moeda não é apenas um meio de troca, mas também uma reserva de valor, por ter a qualidade de conduzir riqueza ao longo do tempo. Sendo assim a moeda é mais do que um mero meio de troca. Para Keynes a moeda apresenta um papel duplo de meio de pagamento e forma de riqueza: “Seu retorno vem na forma de um prêmio de liquidez em vez de uma compensação pecuniária, já que possui o maior prêmio de liquidez entre os ativos[1].  Um dos grandes pontos da teoria Keynesiana é mostrar que, em uma economia monetária, a moeda torna-se um ativo.
A capacidade da moeda de gerar liquidez funciona como um porto seguro aos agentes econômicos diante de incertezas que tornam nebulosas previsões sobre o futuro. Sendo assim quanto maior for a incerteza maior será a retenção de moeda por parte dos agentes. Vale resaltar que a incerteza colocada por Keynes são fenômenos econômicos para os quais não existiriam uma base de dados, sendo assim, ficando impossível a realização de cálculos de probabilísticos de risco.

Keynes demonstra, em sua teoria, o fato de a moeda não ser um mero facilitador de trocas, pois ela afetas as decisões dos agentes. Caso o agente utilize parte da renda para comprar ”riqueza não reprodutível”, como moeda e outros ativos líquidos, pode acarretar em problemas na demanda efetiva da economia. Sendo assim Keynes demonstra a não neutralidade da moeda e que a busca por moeda e ativos não reprodutíveis são formas de acumulação de riqueza perante à acumulação de bens de capital. Sendo assim é totalmente racional que em momentos de incerteza os agentes busquem reter moeda.
Para Keynes a Taxa de Juros é um fator responsável pelo nível da preferência pela liquidez  dentro de uma economia. De acordo com sua teoria a taxa de juros é um “prêmio” por abrir mão da riqueza em forma monetária, é a recompensa, por não entesourar. “ (...) a taxa de juros é o que se ganha não por que se poupa, mas porque se aplica esta poupança em outros ativos que não a moeda[2]
A preferência pela liquidez determina a quantidade de moeda que o público deseja reter de acordo com o valor da taxa de juros: “Sendo a taxa de juros, a qualquer momento, a recompensa da renúncia à liquidez, é uma medida de relutância do que possuem dinheiro alienar o seu direito de dispor do mesmo. A taxa de juros não é o “preço” que equilibra a demanda de recursos para investir e a propensão de abster-se do consumo imediato. É o “preço” mediante o qual o desejo de manter a riqueza em forma líquida se concilia com a quantidade de moeda disponível. Isso implica que, se a taxa de juros fosse menor, isto é, se a recompensa da renúncia à liquidez se reduzisse, o montante agregado de moeda que o público desejaria conservar excederia a oferta disponível e que, se a taxa de juros se elevasse, haveria um excedente de moeda que ninguém estaria disposto a reter. Se esta explicação for correta, a quantidade de moeda é outro fator que, aliado à preferência pela liquidez, determina a taxa corrente de juros em certas circunstâncias[3]”.
                Um ponto importante na teoria de Keynes é o fato de que quanto maior for a demanda por moeda, isto é, quanto maior for a preferência pela liquidez, menor será a demanda pelos bens e serviços, menor será a demanda efetiva. Isso por sua vez acaba por acarretar uma queda no nível de emprego da economia.  Como base nisso surge um ideal de política econômica no modelo keynesiano. Em situações de crises caberia ao Estado diminuir as incertezas que rodam a economia, parte desse movimento poderia ser feito com políticas fiscais expansionistas, com a finalidade de aumentar a demanda efetiva resultando no crescimento do investimento produtivo.
                Outro ponto de fundamental importância é que além de fomentar a economia, por meio de políticas fiscais expansionistas, cabe realizar uma Política Monetária de baixos juros. De acordo com Keynes antes de tomar uma decisão de investimento, o empresário realiza uma comparação entre a taxa de juros e a Eficácia Marginal do Capital (o que seria como a taxa de retorno sobre o capital investido). Quando a taxa de juros de títulos públicos são superiores ao rendimento esperado com a aquisição de bens de capital, os detentores dos recursos monetários irão optar pela compra de títulos, sendo assim não serão realizados investimentos produtivos. Um bem de Capital apenas será adquirido quando o rendimento esperado deste bem for superior à taxa de juros, de forma  que sua iliquidez seja compensada pela Eficácia Marginal do Capital.
                Keynes demonstra que em situações de grande desconfiança a política monetária por si só não é capaz de colocar a economia novamente nos “trilhos”. Baixar os juros em uma situação de incerteza poderá apenas acarretar em uma situação de armadilha da liquidez, isto é, “os agentes acreditam que a aquisição de títulos acarretará uma perda, e por isso mantêm o dinheiro na forma líquida. Em consequência, a expansão monetária apenas provocaria o incremento dos saldos monetários ociosos[4], não produzindo nenhum fomento econômico, devido à preferência dos agentes pela liquidez. Com um incremento na política fiscal, somadas a uma política monetária expansionista o crescimento econômico seria retomado, pois tornaria a Eficácia Marginal do Capital mais atrativa perante os títulos públicos e o investimento estatal aumentaria a demanda efetiva reduzindo o grau de incerteza dos agentes econômicos.
Frederico Matias Bacic


[1]  Carvalho, Fernando J. Cardim de. Economia Monetária e Financeira. Capítulo 4, página 46. 2ª Edição
[2]  Carvalho, Fernando J. Cardim de. Economia Monetária e Financeira. Capítulo 4, página 47. 2ª Edição
[3]Keynes, John M. Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda- Capítulo 13, página 137;
[4]Sandroni, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia – página 350, 3ª edição. Editora Best Seller



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