A evolução do IDHM de Sergipe
Economia

A evolução do IDHM de Sergipe




                                                                                                                   Ricardo Lacerda


O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) publicou na semana passada o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. A publicação, fruto de parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a Fundação João Pinheiro, apresenta os Índices de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM), com dados de 2010.

Além do relatório com os principais resultados, foi elaborada uma plataforma eletrônica amigável que permite consultar o IDHM de 5.565 municípios brasileiros. A publicação, que pode ser acessada no link http://www.atlasbrasil.org.br/2013/consulta, disponibiliza, inclusive, uma ferramenta amigável para elaboração de mapas temáticos, com informações sobre as três dimensões que compõem o IDHM: o IDHM Educação, o IDHM Longevidade e o IDHM Renda, e ainda mais outros importantes indicadores.

A ferramenta permite, inclusive, compor mapas e tabelas comparativas entre os resultados de 1991, 2000 e 2010, como a figura apresentada, que foi elaborada pelo Observatório de Sergipe, da SUPES/SEPLAG.

IDHM

Como já dissemos em outra oportunidade, a simplicidade do IDH é sua força e a sua fraqueza, ao mesmo tempo. Não é difícil encontrar lacunas na composição do índice. Certamente, muitas outras variáveis poderiam ser também levadas em conta.

O mérito do IDH, como explicita o relatório, é o de buscar reunir, de forma simplificada que permite comparação entre as mais diversas localidades, “três dos requisitos mais importantes para a expansão das liberdades das pessoas: a oportunidade de se levar uma vida longa e saudável – saúde –, ter acesso ao conhecimento – educação – e poder desfrutar de um padrão de vida digno – renda”.  

Os resultados apresentados pelo Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 podem ser visto sob duas perspectivas: de um lado mostra o quanto cada um dos municípios brasileiros avançou nessas três dimensões nos últimos 19 anos; de outro, indica o tamanho dos desafios a serem enfrentados em cada uma dessas três áreas.

Mesmo considerando a amplitude das carências que o país terá de enfrentar e superar, os avanços foram notórios e as políticas adotadas no Brasil para promovê-los têm servido de exemplo para outros países em desenvolvimento.

A primeira medição, feita com base no censo demográfico de 1991, mostrou um país de muito baixo desenvolvimento humano, IDHM de 0,496. A medição com dados de 2000 revelou alguns progressos: o IDHM passou para 0,612, correspondente à situação de médio desenvolvimento humano.  O resultado de 2010, IDHM de 0,727, entretanto, já o caracteriza como sendo de alto desenvolvimento humano.


Sergipe

Entre 1991 e 2010, o IDHM do Brasil apresentou crescimento de 47,8%. Uma característica especialmente interessante, que está presente na evolução do índice, é a de que ele avançou em ritmo mais intenso nas regiões mais pobres do país, como o Nordeste e o Norte, onde as carências são muito mais acentuadas, do que nas regiões mais ricas.

O IDHM de Sergipe cresceu 63% entre 1991 e 2010. Em 1991, ele foi de 0,408, no estrato de muito baixo desenvolvimento humano. Na medição com os dados de 2000, o índice alcançou 0,518, saindo da faixa de muito baixo desenvolvimento humano e passando para a de baixo de desenvolvimento humano. Em 2010, o IDHM de Sergipe atingiu 0,665, caracterizando o estado como sendo de médio desenvolvimento humano.   

Território

O mapa ilustra a evolução do índice no território sergipano. Em 1991, todos os municípios sergipanos, com a única exceção de Aracaju, eram caracterizados como de muito baixo desenvolvimento.

Em 2000, Aracaju aparece como de médio desenvolvimento humano, enquanto os demais municípios da região metropolitana (Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão), Propriá e Cedro, no norte do estado, e Carmópolis deixam a condição de muito baixo desenvolvimento humano e passam para a de baixo desenvolvimento humano e todos os demais permanecem na situação de muito baixo desenvolvimento humano, ainda que os índices tenham evoluído no período.

A medição de 2010 mostra uma situação bem diferenciada, em que mais nenhum município do estado se caracteriza como de muito baixo desenvolvimento e uma grande mancha de municípios de médio desenvolvimento humano se espraia no território, quando dez anos antes identificava-se apenas Aracaju.







­­­­Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013

Contaram para a melhoria nas três dimensões avaliadas o progresso material do país nas últimas duas décadas e a implementação de um amplo espectro de políticas públicas, nem sempre bem quistas por algumas das parcelas de população que delas não precisam usufruir, que se mostraram claramente exitosas para retirar da situação de pobreza extrema milhões de brasileiros.

Uma análise mais focalizada nos indicadores que compõem as três dimensões do IDHM permite identificar fortes debilidades que persistem, notadamente na dimensão educação.

Sob a perspectiva dos desafios a serem enfrentados, é importante que os resultados alcançados não sejam recebidos como motivo de regozijo, mesmo porque carências e injustiças são percebidas, cotidianamente, a olho nu. As conquistas resultam, sim, de escolhas feitas pela sociedade brasileira em sua determinação de resgatar grandes contingentes populacionais da situação de pobreza e de promover um desenvolvimento mais equilibrado em termos territorial e social.  


Publicado no Jornal da Cidade, em 04 de agosto de 2013





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