Economia
A divisão internacional do trabalho
“
Qual é o objectivo de toda a impressionante azáfama deste Mundo? Qual a finalidade da avareza e da ambição, da busca da riqueza, do poder e da notoriedade?” Quem fez esta pergunta foi Adam Smith (1723-1790) que lhe respondeu na obra
A Riqueza das Nações (1776) propondo uma explicação dos mecanismos económicos com recurso à milagrosa metáfora da
Mão Invisível.
Nos primórdios da Revolução Industrial, apontou os enormes ganhos de produtividade derivados da
especialização e
divisão do trabalho. Ficou célebre o exemplo onde descreveu o fabrico especializado numa fábrica de alfinetes, em que “um homem tira o aço, outro estica-o, outro corta-o” etc. Em resultado da divisão do trabalho descrita, 10 pessoas produziam 48.000 alfinetes por dia, enquanto se “todos trabalhassem separadamente, nenhum poderia fazer vinte, talvez mesmo nem um alfinete por dia”. O aumento do nível de produção resultante da especialização permite um aumento do bem-estar dos consumidores pelo simples incremento do
comércio interno, isto é, entre os agentes económicos de um determinado país. No entanto, se comércio de alargar a outros países –
comércio externo – as vantagens ainda serão maiores.
A
divisão internacional do trabalho, isto é a especialização das nações na produção dos bens que produzem mais eficientemente, exportando-os, e assim obtendo divisas para importar os bens que outros países produzem com menores custos. Os recursos (naturais, humanos, financeiros, tecnológicos, culturais, etc.) encontram-se distribuídos diferentemente entre os países, sendo mais competitivos em determinados produtos.
http://www.infopedia.pt/$divisao-internacional-do-trabalho
Contrariando o bom senso,
mesmo que um país tenha menores custos que outro em todos os produtos, ambos continuarão a ter vantagem no comércio internacional, desde que cada um se especialize na produção em que tem maiores
vantagens comparativas, isto é, menores custos quando comparados os diversos bens. Como a Teoria das Vantagens Comparativas não é tão fácil de compreender quando o resto, será desenvolvida num
post autónomo.
- A nível mundial o século XX divide-se em dois períodos distintos. O período 1914-45 foi caracterizado por uma força destruidora, redução do comércio mundial, isolamento crescente, guerras militares e comerciais frias e quentes, despotismo e depressão. Após a II Grande Guerra Mundial, o mundo tem usufruído de crescente cooperação económica, da ampliação dos laços comerciais e da integração crescente dos mercados financeiros, da expansão da democracia e de um crescimento económico rápido. O contraste nítido entre a primeira e a segunda metade do século XX é um aviso dos elevados objectivos de uma gestão esclarecida das nossas economias, nacional e global. Economicamente, nenhum país é uma ilha em si mesmo. Quando o sino anuncia depressão, ou crise financeira, o som ecoa por todo o mundo.
Paul Samuelson
A
internacionalização da economia abrange
quatro grandes tipos de transacções entre agentes económicos de países diferentes:
- movimentos internacionais de
bens e serviços (comércio externo);
- movimentos internacionais de
factores de produção (investimento directo estrangeiro, migrações internacionais);
- movimentos de
activos financeiros que suportam os movimentos de bens, serviços e factores de produção (balança financeira);
-
transferências internacionais de rendimento (remessas de emigrantes, repatriamento de lucros, ajuda externa).
http://wps.fep.up.pt/wps/wp146.pdf
Desde o final da II GGM até à crise financeira de 2007-2008 o comércio externo cresceu a um ritmo superior ao da produção, e foi fonte de prosperidade económica no Mundo, particularmente nas economias mais avançadas como os EUA, a Europa Ocidental e o Japão. Estas economias são caracterizadas por uma
rede intrincada de comércio entre os indivíduos e os países, que depende de uma ampla especialização e da divisão do trabalho.
A
União Económica e Monetária é uma das grandes experiências económicas da história. Nunca antes um grupo tão alargado de países tão poderosos colocou a sua sorte económica num corpo multinacional como o Banco Central Europeu. Nunca antes um banco central tinha sido encarregado de destino macroeconómico de um grande grupo de países com 300 milhões de habitantes que produzem 7 mil milhões de dólares de bens e serviços (Samuelson). Embora os
optimistas apontem para os benefícios microeconómicos de um mercado alargado com menores custos de transacção, os
pessimistas temem ameaças de estagnação e de desemprego da união monetária devido à falta de flexibilidade dos preços e dos salários e de uma insuficiente mobilidade de trabalhadores entre os países. De 2002 a 2007 o Euro e o BCE funcionaram satisfatoriamente, constituindo a actual crise financeira como o maior teste à sua validade.
1.
Distinga comércio externo de comércio interno.
2.
Explicite como a especialização e a divisão do trabalho contribuem para as empresas e os países obterem ganhos de produtividade.
3.
Explique como o comércio externo contribui para a divisão internacional do trabalho (DIT).
4.
Indique os quatro grandes tipos de transacções entre agentes económicos de países diferentes.
5.
Refira alguns motivos que expliquem por que razão o comércio externo poderá ser mais vantajoso para as economias mais avançadas.
6.
Problematize o futuro da União Económica e Monetária, apresentando pelo menos um argumento optimista e outro pessimista.
7.
Identifique os três serviços e os sete mercados mais importantes no comércio externo português, consultando as estatísticas da AICEP.
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