A Crise da Fome - Frederico Matias Bacic
Economia

A Crise da Fome - Frederico Matias Bacic




Na semana passada ao ler, na Carta Capital, o artigo “A próxima crise”, escrito por Antonio Luiz C. M. Costa, acabei por me recordar do economista britânico Thomas Robert Malthus, o qual levantava a hipótese de que as populações humanas crescem em progressão geométrica e os meios de subsistência poderiam crescer somente em progressão aritmética, sendo assim o mundo passaria por uma crise de alimentos. Desta forma Malthus fez recomendações de controle de natalidade e que não deveria ser dado aos pobres nenhum tipo de assistência.  O que não foi previsto pelo economista foi a criação de tecnologias, métodos, que levariam ao aumento da produção dos meios de subsistência minando a hipótese levantada.

Entretanto será que existe a possibilidade de Malthus ter algum grau de acerto ao prever problemas alimentícios como gerador de uma grande crise na humanidade?

No ano de 2012, os Estados Unidos estão enfrentando a pior seca dos últimos 60 anos, tendo metade de seu território incluído nas “áreas de desastre” agrícola, como foi apontado por Antonio Costa. A seca nos EUA geraram prejuízos às safras de milho e soja, que abastassem metade do comércio internacional, elevando os preços destes produtos nas bolsas globais, que por sua vez impactaram nos preços das rações e carnes.


O EUA não são um caso isolado,  Rússia e Ucrânia foram castigadas pelas altas temperaturas, enchentes e secas, neste ano as exportações de trigo russo foram 25% menores. Na Índia e Tailândia as fortes chuvas devastaram as plantações de arroz, gerando um aumento de 10% no preço deste grão. Na África a forte seca ameaça a vida de mais de 30 milhões de pessoas. No Brasil as fortes secas na região Sul prejudicaram as safras de feijão, cana e soja. Como é colocado por Antonio Costa “em julho de 2012 os preços mundiais médios de alimentos foram duas vezes superiores à média dos 15 anos de 1990 e 2004 e os de cereais, mas de duas vezes e meia”. O que nos mostra a grave situação que começa a se formar durante a segunda década no segundo milênio.

Para piorar a situação não se trata de uma situação pontual. Climatologistas apontam que Estados Unidos, México e Canadá estão sujeitos a passar por um desastre de longa duração, 100 anos ou mais. As secas devido ao aquecimento podem causar dados à qualidade do solo e retroalimentar esse processo.

Para agravar ainda mais a alta do preço dos alimentos entra em cena a especulação. Fundos de hedge adquirem em massa opções de compra a preço fixo dos produtos mais suscetíveis a escassez e assim colaboram para a subida dos preços, para então comprar ao preço antigo o produto supervalorizado e revendê-lo com enormes lucros.

No gráfico da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) apresentado no início deste texto, mostra os preços internacionais dos alimentos subiram drasticamente nos últimos 10 anos. A média do FAO beira os 213 pontos atualmente, é importante lembrar que diversos estudos sugerem que sempre que o índice de mantém acima dos 210 pontos crises, revoltas e conflitos começam a surgir.

Será que estamos a beira de um novo colapso global?

Frederico Matias Bacic



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