Economia
A cara do Brasil.
Leio no ESTADÃO, a excelente coluna do FÁBIO PORCHART - Meu Brasil, brasileiro e, em total acordo com o pensamento dele, compartilho-a com os meus dois féis leitores.
Isso sim, também é a cara do BRASIL.
Aeroporto é um lugar de
onde podemos tirar vários exemplos de quem é o brasileiro de verdade. Por mais
que esteja acontecendo uma classecelização da passagem aérea (que bom!), o que
torna esse ambiente agora cheio de marinheiros (voadores) de primeira viagem,
quem eu vejo dar escândalo no balcão das companhias aéreas são sempre aqueles
que já estão acostumados a viajar, que conhecem bem o esquema.
Estava em Florianópolis
essa semana, sendo atendido tranquilamente pelo atendente, quando um cara ao
meu lado começou a dar o seu escândalo. Um à parte: eu adoro ver pessoas
alteradas aos berros dando piti, essas estão num tal estado bruto do sentimento
que não tem mais filtros e se mostram como são lá dentro de verdade. E é divertidíssimo.
Claro que pra mim e não pro coitado do atendente da TAM que estava sendo
acuado.
O cara, transtornado,
dizia que o voo dele era às 10h30 e que ainda eram 10h10 e o avião ainda não
tinha saído. Que era um absurdo o pessoal não dar um jeitinho de colocá-lo pra
dentro. O atendente tentava explicar que o voo estava encerrado, mas era
interrompido por gritos de: "Você não está com boa vontade! Acordou de mau
humor e resolveu descontar nos clientes. Isso é Brasil".
O que ele não conseguia
ver é que, na verdade, se o atendente o tivesse colocado dentro do avião, aí
sim é que seria Brasil. Desrespeitar as regras, dar um jeitinho, fazer todo um
avião esperar um cara que estava atrasado e errado embarcar, isso é que é
Brasil. Se o horário de embarque é meia hora antes, então é meia hora antes,
não é vinte minutos antes. Ponto.
A gente gosta de bradar
aos quatro cantos que lá na Europa sim as pessoas são bem tratadas, que nos EUA
o atendimento é diferente, mas, quando a aplicação da regra tem que valer pra
gente aqui, reclamamos. O brasileiro gosta é do jeitinho brasileiro. É o que o
coloca no patamar de malandro. E se eu sou malandro, alguém é otário. Aí sim eu
vejo vantagem. Contanto que esse otário não seja eu. Alguém tem que se ferrar
pra eu me sentir melhor. Se seguir as normas me faz fazer o papel de otário, eu
não quero. A malandragem fala mais alto.
Eu duvido que se esse
cara que estava alterado tivesse chegado atrasado no aeroporto de Munique, ia
dar aquele chilique. Claro que não. Porque lá as coisas funcionam, lá é
primeiro mundo, lá... Lá, ele teria saído do hotel duas horas antes, justamente
pra não atrasar porque sabia que, se atrasasse, perderia o voo e não teria
choro nem vela.
Não estou aqui querendo
fazer uma defesa das companhias aéreas, pelo amor de Deus. Longe de mim. Elas
realmente têm milhões de problemas, e muitas vezes tratam muito mal seus
clientes. Mas a gente também trata muito mal as pessoas quando elas não nos
deixam fazer o papel de malandro. Não adianta querer que nos tratem como na Alemanha
se nós ainda somos brasileiros. E brasileiros no sentido mais pejorativo e
preconceituoso da palavra "brasileiros".
*
PS: No final ele foi
embora aos gritos de: "O comandante Rolim vai saber disso!". Hahaha!
Gênio!
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