Economia


Ainda o Mirabel

Antes de tudo: NUNCA houve wafer tão bom quanto o Mirabel de chocolate de embalagem verde. Nem houve um que deixou tantos órfãos. Ou vcs já viram alguma outra guloseima com leilão da último pacote?

Contra-argumentos:

Quanto às explicações do Shikida, eu tendo a concordar com 1, e discordar de 2 e 2.1. Vamos às discordâncias: a explicação "onda light" é insuficiente porque nunca se viu tantas calorias deliciosas à disposição no mercado. Porque só o inocente mirabel foi atingido? "Lucros reinvestidos são escassos" pressupõe que o mercado de crédito é imperfeito (ok, hipótese razoável) mas que nenhuma outra firma poderia fazer um equivalente ao Mirabel.

O argumento do Liderau não cola. Empresas trabalham com muitas marcas (pense nos cigarros) e, em caso de fusão, não haveria razão para terminarem exatamente a melhor delas.

Meus pitacos:

Não existe o problema Mirabel. Talvez o que nos satisfaz é a idéia de que poderíamos voltar aos sabores da infância. Por exemplo, eu poderia baixar, de graça, o Pac-man na Internet, mas, mesmo assim, eu nunca fiz isso. Faz anos que eu não compro uma lata de leite Moça, mas me faz bem saber que a marca ainda existe. Contudo, o mercado não funciona com preferências imaginárias ou ocultas. Para "votar" na fabricação de um produto eu tenho gastar meu dinheiro nele. Por tanto, de nada adianta trintões obcecados- como eu e Shikida - ficarmos lamentando o desaparecimento do Mirabel se, na verdade, já o havíamos abandonado.

Quanto a idéia de mudaça de preferências. Bem, os economistas devem fugir dessa explicação como o diabo da cruz. O problema com ela é tudo fica fácil demais. Qualquer mudança de comportamento pode ser explicada e nunca podemos falseá-la. Mesmo que você aceite a mudança das preferências, o problema fica: o que fez com que elas mudassem?

Outra forma de pensar no ciclo do produto, é imaginar que dentre as características que o consumidor deseja em um produto (sabor, nutrição...) haveria uma chamada "novidade". Em certos mercados, os consumidores gostam de produtos recém-lançados (uma evidência a favor disso é o longo tempo que as embalagens de chocolates trazem estampada a tarja "Novo!!!) em relação aos já estabelecidos. Tal como a crocância, as marcas perderiam o atributo "novidade" ao longo do tempo e seriam subsituídas por outras. (Teria havido um tropeço - ver abaixo- das firmas no caso do Mirabel?)

O culpado de tudo, como sempre :-) , é a globalização. Essa explicação está relacionada com a 1.0 do Shikida.Talvez a entrada de novos competidores, como a Nabisco (Chocolícia, o Chocookies), tenha afetado a demanda por wafer Mirabel. Mesmo que não sejam exatamente o mesmo produto, eles são substitutos próximos, pois tem alta qualidade e visam o chocólatra..

Ok, o mercado não erra. Mas tropeços existem. A Coca-cola já errou e a Tostines já tentou fazer uma horrorosa bolacha sabor brigadeiro. Descobri que a Adams (ramo da Pfizer), detentora da marca Mirabel, foi comprada pela Cadbury´s, fabricante mediocre de chocolates. Quem sabe os marketeiros ingleses, com o paladar estragado por séculos de má comida, não acharam que o Mirabel era uma má idéia?

No entanto a pergunta permanece: porque outro fabricante não faz um wafer decente?
(Outra questão que não quer calar: por que não existe Sonho de Valsa no resto do mundo?)

A bola tá em jogo.







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