O custo de chegar ao Poder
GUSTAVO FRANCO
Quando o PSDB era governo, o PT fazia uma oposição que hoje sua própria liderança reconhece ter sido agressiva e mesmo destrutiva. Tudo era entreguismo, submissão aos banqueiros e ao capital especulativo, ou motivo para CPIs. Reformas, imagine, nem pensar, a Constituição Cidadã era uma uma conquista e portanto intocável.
Hoje se percebe que tudo, ou quase tudo, era teatro, e que o objetivo era o de atrapalhar o projeto de poder do PSDB, mesmo que para isso saísse prejudicado o Brasil. Assim é a política. A liderança petista candidamente admite a esperteza, digna de grandes raposas do passado, e faz seu "Mea Culpa" com sorrisos de cantos de boca, como se fosse uma leve travessura sem maiores conseqüências. Afinal de contas, no plano estritamente político, a estratégia foi bem sucedida, eles maximizaram o desgaste do PSDB em passar reformas (que foram boas para o Brasil e que ninguém tenciona desfazer) e, ao fim das contas, ganharam as eleições.
A liderança petista reconhece, portanto, que impediu no Parlamento, no Judiciário ou mesmo nas ruas, como nos tumultos contra as privatizações, o avanço de reformas, como a da Previdência e do Sistema Tributário, que agora - seis ou sete anos depois - elegeu como prioritárias e urgentes para a restauração do crescimento.
(...)
Pois bem, quanto custou ao Brasil atrasar em seis ou sete anos a seqüência de reformas que começa com a da Previdência e do Sistema Tributário e deve prosseguir com a reforma trabalhista e muitas outras?
Medido em bilhões de dólares, ou em pontos porcentuais do PIB, foi imenso o prejuízo ao país causado pela escolha "pragmática" feita pelo Partido dos Trabalhadores, mesmo que a conta se limitasse unicamente aos efeitos financeiros diretos das nova legislação hoje proposta. Para se saber esta quantia exata basta perguntar ao ministro Berzoini quanto terá a Previdência de ganhos com a reforma nos seus primeiros sete anos. A resposta seguramente vem em bilhões de dólares e tem dois dígitos. Este foi o custo, em dinheiro de hoje.
Os efeitos indiretos são mais difíceis de calcular: a dívida pública não teria crescido tanto, os juros não precisariam ter sido tão altos, o crescimento teria sido maior, o país estaria mais robusto e competitivo diante das crises externas posteriores a 1997. Qual seria a taxa de desemprego hoje, ou a taxa de juros, se a Reforma da Previdência tivesse sido feita há sete anos atrás?
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