Economia
Por que o Brasil sofre de falta de individualismo?
Ok, ociólogos (não me critiquem, estou seguindo Elio Gaspari), jornalistas, escritores
free-lancers, donos de bares, taxistas, e até mesmo alguns de seus amigos e parentes mais próximos dizem que o Brasil está assim porque são todos os cidadãos uns individualistas. Estarão eles certos? Bem, a coisa não é tão simples...
Neste estudo, os autores concluem que: "(...) aplicando uma perspectiva utilitarista para julgar o conteúdo ético de uma ação ou uma decisão, os entrevistados brasileiros são menos propensos a enxergarem uma ação como não-ética do que os entrevistados norte-americanos".
Isto significa que somos mais individualistas? Bem, aí é que está: não exatamente. Como assim?
Os autores usam uma medida de individualismo/coletivismo (criada por Hofstede) e encontram um baixo valor para o Brasil. O que é
individualismo para ele? Exatamente o que você pensa: um sujeito que pensa mais em si e nos seus familiares do que, por exemplo, no país.
Ao mesmo tempo, os autores pensam que a tomada de decisões é influenciada pela visão que os atores têm das decisões (uma espécie de diálogo com Bruno Frey e sua teoria do
homo economicus ampliado). Vale dizer: preferências podem ser influenciadas pela forma como uma ação é tomada.
Breve interrupção: os autores não conhecem a contribuição de Frey na Teoria Econômica. Claro, isto é uma esperança de que o que fazemos na Academia deve ser ciência mesmo....:-)
Ok, voltando ao comentário deste minúsculo e incompleto artigo, os autores usam mais duas categorias em sua análise:
egoísmo e
utilitarianismo.
Na primeira, você acha uma ação moralmente correta apenas se ela melhora seu bem-estar. No segundo caso, você deve produzir mais "bem" do que "mau", na média, quando outras pessoas estão envolvidas em sua decisão.
E neste resultado, como se saem os brasileiros? Neste caso, somos mais egoístas.
Conclusão: somos pouco individualistas e bem egoístas.
Eu não quero entrar em detalhes do artigo, mas chamo a atenção para um ponto de sua conclusão: "[brasileiros] avaliam uma ação/decisão específica baseado nas consequências que gerem os maiores benefícios para os membros de seu grupo".
Grosso modo, isso, para mim, explica a sociedade sacana que temos. Pouco individualismo - e pouca valorização do indivíduo - junto a uma valorização utilitarista que favorece, na minha visão, uma sociedade cheia de grupos de interesses. O
homem cordial só o é com seu grupo. E ai daquele que fugir da média medíocre! (isso me lembra uma aluna que deu
cola para uma colega, foi punida e ouviu da mesma um sonoro
fod****)
Estarei interpretando incorretamente o artigo? Mesmo que sim, será que minha visão da sociedade brasileira está absurdamente longe da realidade?
Bem, se você se interessou e/ou leu o artigo de sete páginas, eis a hora dos comentários.
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