Economia
Por que o Brasil não cresce
O grande desafio do governo Lula, ao menos é isso que a população está esperando de imediato e o foco de pressão da mídia direciona, é o crescimento da economia brasileira em 2004. Claro que a elite governamental (Zé Dirceu, Palocci et caterva) sabe disso e trabalharão para que o crescimento venha. Após o primeiro ano de administração petista e um crescimento zero do PIB no final do período com a taxa de desemprego ao redor de 13% da população economicamente ativa (no fim da era FHC estava na ordem dos 9%) o governo necessita gerar o crescimento econômico a fim de reduzir o desemprego e as crescentes demandas sociais causadas pela falta de renda e pela pobreza que cresce na medida em que o PIB estaciona ou regride. Este é o âmago do cenário interno brasileiro. Crescimento econômico zero, renda em queda e pobreza em alta.
Para contornar esse trágico quadro, o governo tratou durante o ano de 2003 em reduzir em 10 pontos percentuais a taxa de juros, de 26,5 para os atuais 16,5%. De fato essa afrouxada na política monetária permitirá, na medida em que os agentes econômicos reduzam os juros do comércio, um aumento do consumo e um ganho de renda. Essa foi a primeira ação governamental para dar início ao ciclo de crescimento.
Desculpe o pessimismo, mas decorre que esse ciclo não perdurará. O Brasil sofre gravemente de uma restrição externa. Qual seja, a necessidade de gerar superávits na balança comercial a fim de angariar poupança externa, já que a capacidade interna de poupar está comprometida em virtude da escorchante carga tributária sobre a população. Para se ter uma idéia, em 2003 o Brasil teve um saldo na balança comercial ao redor de R$ 25 bilhões. Uma cifra espetacular. Isso explica-se, por que o medíocre crescimento econômico não permitiu uma demanda por produtos estrangeiros, que por outro lado, adquiriram bastante do Brasil.
Os reflexos da queda na taxa de juros no decorrer de 2003 só serão sentidos agora em 2004 onde teremos um aumento da demanda gerada pelo afrouxamento monetário. Esse aquecimento da economia, segundo estimativa do otimista Luiz Fernando Furlan, ministro do desenvolvimento, poderá resultar num crescimeto de 4% do PIB. A expanção econômica repercutirá, invariavelmente, no desempenho da balança comercial. Eis o cerne do problema. A maior disponibilidade de dinheiro gerada artificialmente pela política expansionista das autoridades monetárias, estimulará a demanda por produtos importados que, por sua vez, pressionará a balança comercial, no sentido de queda do saldo positivo, podendo conforme a intensidade do afrouxamento monetário, resultar num saldo negativo da balança comercial. A nefasta crise cambial (que ninguém deseja) ocorrerá antes disso, exatamente ao primeiro sinal de que o desgaste na balança comercial seja irreversível.
Diante deste cenário o governo será obrigado novamente a aumentar os juros para conter a crise cambial decorrente da crise no balanço de pagamentos. Suspende-se o crescimento. Cultiva-se os perversos ciclos econômicos característicos de governos intervencionistas que insistem na idéia de que cabe ao governo fazer algo pelas pessoas ao invés de ensinar a população a usufruir a sua liberdade e assumir as suas responsabilidades individuais. O Brasil carece de liberalismo, mas está amarrado nas falsas idéias que os centros universitários difundem, os políticos empregam e, finalmente, o golpe fatal recai sobre a sociedade.
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