Deve-se tomar a decisão de entrar (ou sair) de uma guerra em função de uma análise económica de custo-benefício? Ou pode-se sequer avaliar a validade de uma guerra na base dessa contabilidade?
No seu blog dialogal, Becker e Posner escrevem sobre o trade off entre os custos e benefícios da guerra, ou, mais especificamente, do sucesso diplomático versus o custo em mortes. Becker inicia a sua análise com a descrição de uma teoria de Francis M. Bator, um professor de Harvard que entre 1965 e 1967 foi conselheiro de segurança na Casa Branca. Recentemente foi divulgada uma sua short monograph, "No Good Choices: LBJ and the Vietnam/Great Society Connection", que defende a teoria de que ao enviar mais e mais tropas para o Vietame, o presidente L.B. Jonhson não foi vítima de inexperiência, nem foi mal avisado pelos militares, nem estava convencido de que essa era a via para ganhar a guerra, nem sequer esperava derrotar os comunistas. O que o precupava eram os seus programas públicos, designados como "Great Society" (Medicare, "Guerra à Pobreza", "Voting Rights Act", etc), e temia que fossem bloqueados pelo Congresso caso se criasse a ideia de que ele estava a "perder a guerra". Ou seja: fazia-se uma guerra lá longe mas apenas para obter determinados efeitos de política interna. Becker aborda depois a questão de como traduzir em valor monetário as mortes e feridos de guerra, bem como o tal prestígio diplomático (suponho que seja tanto "pela positiva" como "pela negativa", ou seja, que envolva tanto a admiração como o receio que o guerreiro inspira).
Becker não garante que Bator tem razão, e Posner garante que não tem. Mas se é verdade que ostes posts falam da guerra do Vietname e de L.B.Johnson, também é verdade que podem ter sido escritos a pensar na guerra e ocupação do Iraque. Nesse caso, qual seria a política interna dos EUA que justificaria a guerra?
O texto de Bator está disponível aqui: "No Good Choices: LBJ and the Vietnam/Great Society Connection". [pdf]